‘As pessoas passaram a ter dúvidas sobre o dólar’, diz Carlos Primo Braga
Carlos Primo Braga alerta para os riscos econômicos do tarifaço de Trump, que pode impactar o comércio global e trazer incertezas ao mercado financeiro. Ele aponta a possibilidade de um aumento nas exportações do agronegócio brasileiro enquanto a arquitetura comercial internacional se desvanece.
Carlos Primo Braga, professor da Fundação Dom Cabral, alerta para os efeitos disfuncionais do tarifaço de Trump no mercado financeiro. O dólar está caindo em relação a outras moedas, o que é inesperado dado o aumento do protecionismo americano.
Braga critica a destruição da arquitetura de governança global do comércio, alertando que as novas medidas do governo dos EUA representam o abandono da OMC. Ele não espera que a China inicie negociações e prevê aumento da incerteza no cenário econômico.
Consequências do tarifaço:
- Destruição da governança global no comércio mundial.
- Dólar deveria subir, mas apresenta queda.
- Mercado de títulos dos EUA em turbulência.
Erros americanos: Braga refere-se às ações da administração Trump como estúpidas e destaca a possibilidade de uma crise financeira global se a situação persistir.
Negociações: Braga duvida de um contato entre Trump e Xi Jinping, e vê a incerteza como a predominante no cenário atual.
Recessão global: É incerta; a OMC prevê retração de 1% no comércio internacional, e o Goldman Sachs cortou a previsão de crescimento da China.
Impactos para o Brasil:
- A queda do comércio pode beneficiar o agronegócio brasileiro com aumento das exportações para a China.
- Possível fortalecimento do acordo entre União Europeia e Mercosul.
Tarifas futuras: Difícil que voltem aos níveis pré-2024; políticas de reciprocidade são esperadas. A tarifa média pode superar 22%.
Reservas cambiais da China: Com grande concentração em títulos americanos, a credibilidade do dólar está sendo questionada.
Atração de investimentos: Há um redirecionamento para ouro, criptomoedas, euro e franco suíço, mas o dólar, apesar das incertezas, mantém sua posição como moeda predominante no curto e médio prazo, embora seu peso relativo possa cair.