As mulheres engravidadas e depois abandonadas por agentes da ONU: 'Sumiu sem dizer nada'
A República Democrática do Congo enfrenta uma grave crise de exploração e abuso sexual relacionada à presença de missões de paz da ONU. Casos de mulheres e meninas, como Kamate e Maria, revelam o impacto devastador desse legado na vida de suas famílias.
Dimitri, um garoto de 12 anos, vive em Birere, Goma, na República Democrática do Congo, fugindo de provocações devido ao seu cabelo cacheado e pele clara. Sua mãe, Kamate Bibiche, revela que ele é filho de Yuriy, um agente de paz da ONU, com quem teve um relacionamento breve.
Desde a implantação da Monusco em 1999, a missão enfrenta denúncias de exploração e abuso sexual. A situação de Kamate é emblemática desse legado, visto que as relações consensuais entre agentes da paz e mulheres locais são frequentemente consideradas exploratórias devido ao desiquilíbrio de poder.
Goma sofreu ataques dos rebeldes do M23, resultando em milhares de mortes e mais de 8 milhões de pessoas deslocadas. Maria Masika, outra mulher afetada, se envolveu com um agente de paz sul-africano que a abandonou após ela engravidar.
A Força de Defesa Nacional da África do Sul se compromete a investigar denúncias de exploração sexual. A Congolese Family for Joy apoia mulheres e crianças afetadas, mas muitas enfrentam estigma e dificuldades.
Em 2024, um relatório da ONU destaca um aumento nos casos de abuso nas missões de paz, com 66 dos 100 casos registrados relacionados à Monusco. A política de tolerância zero é prometida, mas muitos perpetradores permanecem impunes.
A porta-voz da Monusco afirmou que informações sobre denúncias são tratadas com seriedade, mas mulheres como Kamate e Maria relatam falta de conhecimento sobre o apoio disponível e continuam traumatizadas.