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Aposta de Trump em repatriar indústria enfrenta obstáculos estruturais nos EUA

A disputa comercial entre Trump e o Vietnã levanta questões sobre o futuro da fabricação nos EUA. Executivos enfrentam desafios para restaurar a produção local devido à falta de mão de obra e infraestrutura industrial necessária.

Donald Trump iniciou uma guerra comercial global na esperança de trazer empregos e fábricas de volta aos EUA. Entretanto, muitos líderes empresariais manifestam ceticismo sobre essa estratégia, exceto Sanjeev Bahl, proprietário da Saitex, que opera uma fábrica em Los Angeles.

Com cerca de 250 funcionários, a Saitex produz 70 mil pares de jeans mensalmente. Contudo, essa operação depende de uma grande fábrica no Vietnã, que produz 500 mil pares por mês.

As tarifas de Trump afetaram cadeias de suprimento e levantaram questionamentos sobre a capacidade dos EUA de recuperar sua indústria. Muitos setores podem levar anos ou décadas para reestruturar suas operações.

A decisão recente da Corte de Comércio Internacional dos EUA declarou as tarifas ilegais, mas um tribunal suspendeu essa decisão temporariamente. A estratégia de Trump enfrenta incertezas, e sua admissão de que não deseja fabricar todos os produtos nos EUA contradiz seus planos tarifários.

Bahl acredita que a Saitex pode ser um modelo para a manufatura retornando aos EUA, mas aponta diversas dificuldades, como a falta de fornecedores, alta de custos e escassez de mão de obra. Atualmente, há 500 mil vagas na indústria americana e 7,2 milhões de desempregados.

Além disso, a política de imigração de Trump complicou ainda mais a situação. Segundo Steve Lamar, CEO da American Apparel and Footwear Association, há uma desconexão entre a ideia de produzir mais nos EUA e a disposição das pessoas em trabalhar em fábricas.

Em Los Angeles, a maioria dos trabalhadores da Saitex vem do México e América Central. Bahl menciona a discrepância de custos, já que um operador de máquina de costura em Los Angeles ganha cerca de US$ 4.000 por mês, contra apenas US$ 500 no Vietnã.

Para que Trump consiga trazer empregos de volta, Bahl sugere a concessão de isenções tarifárias para empresas que expandem operações nos EUA. Nesse sentido, a Saitex já investiu US$ 150 milhões no Vietnã, mas apenas US$ 25 milhões nos EUA, com retorno financeiro esperado em pelo menos sete anos.

Se as tarifas sobre o Vietnã forem mantidas, Bahl vê a necessidade de buscar novos mercados para sua produção, levantando a questão: "O que acontece com a nossa fábrica aqui?"

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