Angra dos Reis tenta retomar produção de vieiras após colapso e vê avanço de ostras e algas
Maricultores buscam reverter a crise na produção de vieiras após mortalidade significativa desde 2018. Iniciativas de conservação e diversificação das espécies cultivadas começam a apresentar resultados positivos na região.
Maricultores da baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis, tentam recuperar a produção de vieiras, atividade característica da região. O município é um polo nacional, mas enfrentou uma mortandade significativa desde 2018.
As vieiras, moluscos apreciados na alta gastronomia, estão perdendo espaço devido a fatores como mudanças na qualidade da água e questões genéticas. Recentemente, iniciativas têm sido adotadas para estancar a perda.
Felipe Barbosa, vice-presidente da Ambig, destaca que a situação estava crítica, sem vieiras para colocar nas fazendas. Contudo, a distribuição e cultivo de pré-sementes têm mostrado sinais de recuperação.
O Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande (IED-BIG) distribuiu cerca de 1 milhão de pré-sementes em 2024, comparado a apenas 30 mil durante a crise. O instituto modernizou seus laboratórios e adquiriu novos equipamentos por meio de recursos do TAC relacionado a impactos ambientais.
Antes da crise, em 2017, Angra dos Reis produzia 33,6 mil dúzias de vieiras, mas em 2024 esse número caiu para 2.280 dúzias. O biólogo Sandro Costa ressalta a sensibilidade das vieiras a mudanças climáticas.
Com a queda na produção de vieiras, os produtores migraram para espécies mais resistentes, como ostras e mexilhões. A produção de ostras subiu de 60 dúzias em 2017 para 5.039 dúzias em 2024.
O aumento na produção de algas também acontece, com novas possibilidades na indústria. O vice-presidente da Ambig, Felipe Barbosa, critica a monocultura, afirmando que a diversificação torna os produtores mais resilientes.
O secretário-executivo da Ilha Grande, Carlos Kazuo, acredita que a diversificação beneficiará a cadeia produtiva. Ele ressalta que ainda é cedo para avaliar a produção de vieiras após a mortandade.
Angra tinha performance modesta na produção de moluscos, com a 19ª maior produção do Brasil em 2023 segundo o IBGE, distante das máximas de 2016 e 2017 (53 mil quilos). Projeções futuras dependem do sucesso das sementes de vieira.