Alemanha discute impor cota para limitar alunos imigrantes em escolas
Proposta da ministra gera polêmica e reacende debates sobre a inclusão e os desafios na educação. Especialistas alertam que medidas de segregação não impulsionam a coesão social nas escolas.
Ministra da Educação da Alemanha sugere restringir a matrícula de alunos estrangeiros nas escolas primárias a 30% ou 40%. A proposta de Karin Prien está gerando controvérsias.
Sabine Schwarz, diretora de uma escola na Renânia do Norte-Vestfália, e que tem 80% dos alunos vindos de famílias imigrantes, critica a ideia, ressaltando que a proposta não reflete a realidade, já que a migração é um fenômeno complexo.
Recentemente, Schwarz comentou que a percepção negativa sobre a imigração e seu impacto na educação é um equívoco. Na sua escola, as crianças são bem-vindas, independentemente de sua origem.
A situação das escolas alemãs é alarmante: dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) mostram que o desempenho dos jovens está em queda e 56 mil alunos saíram sem qualificação em 2023.
Embora alguns apoiem a proposta, como o pedagogo Klaus Hurrelmann, a maioria argumenta que a implementação seria problemática, alegando que identificar a origem dos alunos é discriminatório. Outros, como Stefan Düll, pedem mais recursos para escolas com alta proporção de imigrantes, em vez de aplicar cotas.
A Conferência Federal de Alunos criticou a ideia de cotas por enviar um sinal perigoso e por potencialmente estigmatizar crianças. Contudo, a proposta de testes de aptidão em língua alemã para crianças de quatro anos foi bem recebida.
Por fim, a falta de educadores nas pré-escolas é apontada como um dos principais problemas, com uma escassez de 125 mil educadores, impactando o futuro educacional das crianças antes mesmo de chegarem ao ensino primário.