Agro, indústria automotiva, siderurgia e celulose: qual o efeito da guerra comercial para o Brasil
Estudo aponta que a guerra tarifária pode ter efeitos indiretos significativos na economia brasileira, especialmente nas exportações agrícolas. A incerteza sobre os desdobramentos das tarifas levanta preocupações sobre a competitividade do Brasil no mercado internacional.
Estudo da consultoria Tendências aponta que os impactos diretos da guerra tarifária iniciada pelo presidente americano Donald Trump nas exportações brasileiras serão limitados, mas os impactos indiretos podem ser significativos.
O economista Silvio Campos Neto destaca que a desaceleração da economia mundial e a volatilidade nas matérias-primas afetarão o Brasil. Os ativos brasileiros podem se tornar menos atrativos.
A avaliação inicial que o Brasil teria uma vantagem competitiva diminuiu: a tarifa americana de 10% foi igualada para todos os países, exceto a China. Campos Neto afirma que as exportações brasileiras para os EUA, que totalizaram US$ 40,3 bilhões no último ano, não sofrerão mudanças significativas.
A insegurança permanece em relação aos produtos agropecuários. A possibilidade de substituir os EUA em mercados com soja, milho e carne bovina não é clara, e a demanda por produtos brasileiros pode ser afetada se os EUA pressionarem outros países a comprarem seus produtos.
As exportações brasileiras de soja já representam 75% a 80% das importações da China. A competitividade do Brasil em outros produtos agropecuários, como milho, é limitada, já que os EUA são os principais produtores.
No setor do etanol, a dependência dos EUA é pequena. Contudo, o Brasil cobra altas tarifas sobre o produto, o que pode influenciar futuras negociações comerciais.
O estudo também sugere que as tarifas não afetarão significativamente setores como papel e celulose e máquinas. No entanto, a desaceleração global pode reduzir a demanda e provocar uma queda nos preços do petróleo, impactando as exportações.
Em resumo, o cenário é incerto e dependente das decisões da administração americana e das negociações futuras com a China.