Acordo UE-Mercosul 'não é remédio' para tarifas de Trump, alerta França
Ministra francesa critica acordo UE-Mercosul e destaca riscos para setor agrícola. Apesar de defender negociações alternativas, Genevard reafirma que o acordo não resolve o impacto das tarifas de Trump.
Ministra francesa da Agricultura, Annie Genevard, afirmou que o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul "não é um remédio" para as tarifas impostas por Donald Trump, pois "acrescentaria mais desordem".
A França é líder entre os países europeus que se opõem à ratificação deste acordo, que foi negociado em dezembro e criaria um mercado de 700 milhões de pessoas.
Genevard declarou que o Mercosul "era ruim ontem e continua sendo" para os setores agrícola e agroalimentar da França.
O presidente francês, Emmanuel Macron, procura uma "minoria de bloqueio" na UE contra o acordo, enquanto outros líderes, como Josef Síkela, defendem a sua aprovação.
Se ratificado, o acordo facilitaria exportações de automóveis, máquinas e produtos farmacêuticos da UE e aumentaria as exportações sul-americanas de carne, açúcar, soja, entre outros.
A França enfrenta forte oposição do setor agropecuário, que pede que as exportações do Mercosul sigam as mesmas normas de produção da UE.
Genevard destacou que o acordo beneficiaria algumas produções francesas, como a de vinho, mas ressaltou a importância de um acordo equilibrado, mencionando que os setores mais impactados seriam carne ovina, carne bovina, açúcar e etanol.
Apesar de considerar o Mercosul "não ser um remédio", a ministra defendeu a busca de acordos alternativos pela UE para responder às tarifas de Trump.
Trump assinou um decreto em 2 de outubro que implementa tarifas mínimas de 10% para todas as importações e 20% para produtos da UE. A Comissão Europeia ofereceu um acordo de tarifa zero em produtos industriais, porém, Trump considerou a proposta "insuficiente".
Genevard expressou preocupação com o impacto das tarifas sobre a soja americana, vital para os pecuaristas europeus, e afirmou que "a agricultura não deve ser uma variável de ajuste da resposta".