A visão de um alocador de R$ 430 bi sobre a crise dos multimercado
Sylvio Castro analisa a recuperação dos fundos multimercado após um período de crise, destacando a necessidade de gestão qualificada e a adaptação ao novo cenário de investimentos. O especialista ressalta que, apesar dos desafios, esses fundos ainda podem oferecer diversificação e retornos em ambientes voláteis.
Sylvio Castro tem acompanhado a crise dos fundos multimercado nos últimos três anos e é responsável por coordenar R$ 430 bilhões em investimentos no Itaú.
Antes, ele fundou e foi CIO da Grimper, que foi incorporada pelo Julius Baer em 2023. Segundo Sylvio, o excesso de gestoras é um problema, pois a geração de retorno excedente é escassa.
A Selic alta não é o principal fator: “O juro elevado é uma barreira, mas não para a performance", diz. Após fechamento de casas e consolidações, as gestoras restantes estão gerando retorno novamente, superando o CDI em períodos de 3, 6 e 12 meses.
No entanto, os últimos três anos foram difíceis, com retorno médio de apenas 33%. Sylvio e sua equipe revisaram o desempenho para ver se valia a pena continuar recomendando essa classe de ativos.
O ambiente se tornou mais complexo, com gestores entrando em novos mercados, mas nem todos conseguiram se adaptar. Isso requer profissionais qualificados que possam manter um negócio sustentável.
A proliferação de investimentos isentos e o aumento dos juros agravaram a situação, levando a resgates em massa que inviabilizaram algumas gestoras. As concentrações voltaram a ser nos grandes fundos.
Para os investidores, Sylvio acredita que a diversificação em fundos multimercado é viável, pois podem gerar retornos em diferentes cenários. “Um mundo volátil pode ser bom, pois abre espaço para arbítrios entre classes de ativos”, conclui. Entretanto, os gestores precisam identificar e investir em tendências com convicção.